O Centro de Estudos
Bocageanos acaba de editar o livro do historiador e professor Álvaro Arranja,
“O Homem da Boca Cerrada”, sobre o militante anarcosindicalista e resistente
antifascista, Jaime Rebelo.
O lançamento decorreu na Casa da Cultura de Setúbal,
em 5 de Outubro de 2016.
Capa do livro
Sessão de lançamento do livro na Casa da Cultura de Setúbal
Sessão de lançamento do livro na Casa da Cultura de Setúbal
Intervenção do Presidente do CEB, Daniel Pires
LIVRO “O HOMEM DA BOCA CERRADA” DE ÁLVARO
ARRANJA
O livro do historiador e
professor Álvaro Arranja, “O Homem da Boca Cerrada”, é sobre o militante anarcosindicalista
e resistente antifascista, Jaime Rebelo.
Jaime Rebelo nasceu em
Setúbal a 22 de Dezembro de 1890. Pescador, desde jovem, como era comum na
época, vive nos finais do século XIX e inícios do século XX, no momento em que
Setúbal se transforma na cidade que mais cresce, essencialmente devido à indústria
conserveira.
Tem vinte anos quando é
proclamada a República, em 5 de Outubro de 1910. Integra-se no forte movimento
sindicalista de inspiração anarquista que cresce em Setúbal, por isso conhecida
como a «Barcelona portuguesa». Como militante anarcosindicalista, Jaime Rebelo
foi um dos animadores da Associação de Classe dos Trabalhadores do Mar de
Setúbal.
Em 1926 a Primeira
República é derrubada. Instala-se a Ditadura Militar. Os sindicalistas são
agora o inimigo a abater. Mas em Setúbal, nem o medo impede a luta dos
pescadores, com Jaime Rebelo em lugar destacado. Em 1931, eclode a greve dos
pescadores de Setúbal. Terminada a greve a repressão não tardou a chegar.
Jaime Rebelo é preso.
Submetido a tortura, sente receio de não resistir e denunciar companheiros. Então
entre o receio de falar e de mutilar-se, escolheu a segunda opção. Cortou a
língua. Desta forma já não lhe podiam arrancar nenhuma denúncia.
Perseguido em Portugal,
exila-se em Espanha, combatendo nas milícias republicanas durante a guerra civil
de Espanha. Está na Catalunha, nos últimos momentos da guerra e acompanha a
fuga dos republicanos espanhóis para França.
Depois de passar a
fronteira com a França, ficou internado no campo de Argelès-sur-Mer. Quando as
tropas de Hitler invadem a França, chegam ao campo de Argelès para recrutar
mão-de-obra para a Alemanha. A escolha é entre a Alemanha nazi e o regresso a
Portugal.
Escolhe regressar a
Portugal. Na fronteira de Vilar Formoso, a PVDE estava à espera.
Peniche, Aljube e
Limoeiro, fariam parte do seu percurso nas cadeias de Salazar, embora sem
julgamento, nem pena concreta para cumprir.
Em 25 de Abril de 1974,
assiste com alegria infinita à revolução, falecendo em Janeiro de 1975.